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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

NATURALMENTE ALGUMAS ESPÉCIES SURGEM JUNTAS, IDÊNTICAS, INDIVIDUAIS E PODEM TER DESTINOS DIFERENTES.....OU NÃO!...

A Educação e a Religião



  Estamos vivendo em pleno século XXI e ouvimos, e lemos ao longo de toda Historia da Humanidade, seja nas colonizações, nas independências, na restauração político-social, e mais atualmente falando nas disputas de poder, que existe um vínculo muito forte, intrínseco, entre a Educação e a Religião, e que parece só ser percebida a quem de fato interessa, ou seja, os que vencem... os que dominam.

  Por que será que os mais carentes de Educação, são os mais religiosos? E quando falo de educação, não me refiro ao analfabetismo. Falo da educação que mostra um mundo maior, da educação que permite o poder de escolha, que traz o discernimento. Alguém pode dizer que essa é uma situação sócio-econômica! E eu pergunto mais uma vez, por que os mais pobres, ou de poder aquisitivo menor, são os mais religiosos e sem a educação? Entraremos num círculo vicioso.

  Olhamos para trás e percebemos que o caminhar da humanidade sempre esteve submisso aos conceitos utilitaristas de toda sorte de religiões, crenças e filosofias existenciais, onde um grupo manipulava o bem e o mal, o trunfo e o castigo, a luta e a resignação. Isso não mudou. Continuamos observando uma sociedade omissa que caminha ano após ano, eleições após eleições, utilizando-se de má fé, da fé má que subtrai da população a vontade e o poder de lutar para alcançar os horizontes, que por direito, segundo as religiões, todo ser humano tem.

  Abobalhadamente continuamos vivendo os nossos dias, acordando e dormindo (alguns dizem até que com suas consciências tranqüilas), assistindo ao descaso que os políticos e a política têm para com a Educação, mas que têm profundo interesse nessa relação religiosa-educacional, onde cada fiel deve se resignar, votar e acreditar que essa é uma vontade Divina.

  Em que serviria ao pequeno grande grupo governante, que a população de sua Região, Cidade, Estado ou País, se educasse? Certamente eles teriam que dividir, devolver, acolher, abrigar, alimentar e resgatar os pecados que passariam a reconhecer como seus. Não. Isso não consta no manual religioso desse grupo. Eles e suas famílias, parentes e amigos mais chegados, discutem a educação como quem discute a próxima copa do mundo, nem lembrando o que discutiram na copa anterior.

  Precisamos parar esse círculo vicioso da história, e começar uma nova peregrinação, um apostolado Paulino para relembrar os ensinamentos deixados (todas as religiões convergem para um mesmo ponto), onde todos têm os mesmos direitos e que nenhum doutor da lei pode suprimir essa condição de quem quer que seja.

  Que a fé seja raciocinada, mas para isso o direito básico à educação se faz necessário. Para concordar ou discordar, precisamos conhecer, e para conhecer é necessário buscar e para buscar é imprescindível a vontade, o desejo, o despertamento.

  Precisamos deixar de olhar o problema da Educação, pelo olho-mágico de nossa porta consciencial, e partir para luta pela libertação religiosa sobre os paradigmas sócio-educativas desse país. Não existe nenhuma relação co-existencial entre a educação e a religião, essa é apenas uma arma ilusionista para manter o “boi de boiada” em sua “vida de gado” conforme o cantor e compositor Zé Ramalho em sua música de nome “Admirável Gado Novo”.

  A literatura clássica é rica em descrever esse comportamento entre seus Senhores e suas criadagens, entre os governantes ou líderes e seu povo, mas a vida não deve imitar a arte, mas a arte imitar a vida com novos rumos, novas retóricas, novos discursos e reais ações.

  Aos educadores, aos políticos, empregadores, legisladores, músicos, escritores de todos os gêneros, aos seres humanos de boa vontade, levantemos os nossos olhos e observemos que, mudanças de valores podem ser difíceis a princípio, mas nada é impossível àquele que crê.

  Plantemos sementes sadias que os frutos serão perfeitos, e a colheita sendo obrigatória, nos fartaremos nessa mesa composta por um povo tão capaz quanto nós, que não nos é lícito esconder a luz dos conhecimentos, sob nenhuma mesa, e sim bem no alto para que essa luz das idéias e dos direitos à capacidade de decidir e escolher seja legítima e de todos.

  Estamos agora, também assistindo à mais nova modalidade política que levanta a bandeira das cotas nas universidades, o que com certeza é mais um paliativo ilusório, pois ao invés de se cuidar verdadeiramente da Educação, se cuida de uma outra fragilidade histórica que é a dívida para com os negros. Então essa bandeira acaba sendo uma luta racial e não dos excluídos socialmente, independente de raças e credos. E o povo, por causa da falta de educação que traz a instrução e o discernimento, ajuda a levantar essa bandeira enganosa, esquecendo que o acerto a ser feito está justamente no princípio de tudo, na iniciação escolar de qualidade, que irá lhe dar igualdade de condições de disputar vagas onde quer que seja.

  E por falar em dívida com os negros, a Ministério da Educação, de forma justa, implementou e promulgou a lei que torna obrigatório, o ensino afro-brasileiro nas escolas de nível médio e fundamental, porém, ainda se discute o que ensinar e de que forma, ou seja, venceu-se uma batalha, mas ainda não se sabe como, e o que fazer com ela. Parece-me sempre que o foco se perde nas batalhas e nas intenções, desviando-se para um viés político oportunista, onde ao que parece, a importância é a disputa política e racial, e não a social e educativa como deveria ser. E mais uma vez eu pergunto: E então como fica o resgate da dívida com os indígenas, sua cultura, seu credo, sua arte e seu espaço? Parece que agora isso já não é tão importante, pois a raça já foi praticamente dizimada e não rende votos.

  A questão é a Educação e essa prática perniciosa da utilização dos “religiosos” em manter seus fieis na total escuridão do conhecimento, do aprendizado, da certeza de que existe algo melhor a ser alcançado sempre, visando sistematicamente a manipulação indecente dessa massa humana votante e resignada. Afinal o número de votantes que não possuem educação de qualidade e são manipulados religiosamente para permanecerem nessa condição, independentemente da cor da pele, é o grande “curral eleitoral”. Vide as campanhas eleitorais e seus candidatos suplicando votos com palavras e comandos religiosos, na maior parte das vezes, tão explícitos.

  A religião é importantíssima na vida da criatura humana, como suporte existencial, como instrumento de melhoria pessoal e para com o outro, é o que impulsiona aos questionamentos, às indagações do inexplicável, à curiosidade de ir mais além do eternamente dito pelas bocas dos mesmos pobres mortais. A religião é a religação de sua alma com algo superior que intuitivamente lhe mostre caminhos e respostas, e não algo manipulável com sempre tem sido, para obter os dízimos, o “óbolo das viúvas” através de uma fé cega. De cega já basta a justiça!

  Hipocrisias a parte, “... deixemos de coisas e cuidemos da vida, pois senão chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida...”, vamos tirar definitivamente o “Véu de Isis” e encarar essa realidade social e educacional em que vivemos há tempos e que precisa ser modificada urgentemente, principalmente no que diz respeito aos métodos herméticos utilizados que não escancaram todas as possibilidades de conhecimentos a todos.

A Tecnologia e a Dessocialização

A Tecnologia e a Dessocialização




     Não há dúvidas de que a tecnologia vem avançando nas últimas décadas a passos de gigantes. Sabemos o quanto ela tem progredido e fazendo progredir em quase todos os pontos de vista da vida da humanidade, como a ciência, a pesquisa, a história, a educação e até a política. Mas será que todos que temos o acesso à tecnologia e ao seu avanço galopante, sabemos distinguir o benéfico do maléfico?
     De uma forma simples e superficial podemos iniciar a nossa análise, ponto por ponto, buscando ver sempre os dois lados, as duas faces desse paradoxo.
     Do ponto de vista da ciência, podemos encontrar os diversos ramais em que a tecnologia e seu avanço, são positivos.
     A medicina hoje já conta com a possibilidade de estudar, compreender e testar órgãos e organismos virtuais, sem que seja necessário o sacrifício de um ser vivo.
     A engenharia civil e a arquitetura já conseguem fazer seus projetos e cálculos virtuais, sem mais a necessidade da prancheta, as réguas, os compassos, o lápis, a borracha e ainda consegue também decorar seus imóveis virtualmente sem a necessidade do espaço físico existir com seus devidos móveis e decorações, no caso de um imóvel residencial ou empresarial.
     A química, a biologia e seus diversos segmentos, conseguem visualizar a menor partícula, fazer cruzamentos de dados genéticos, pesquisarem as substâncias nocivas ou não para a utilização pelos humanos, os efeitos que podem trazer para o planeta e consequentemente para a existência humana e sua qualidade de vida.
     Através da tecnologia conseguimos desvendar muitos mistérios, assim considerados no passado, como o processo da mumificação, a idade dos fósseis com o carbono 14, compreender melhor como se deu a história da humanidade desde quando existem registros, visualizar as distâncias percorridas pelos grandes heróis e personagens.
     A pesquisa se tornou farta, acessível, disponível e com possibilidades de discussões, além do grande fato de ser menos caro que a compra de um livro. Podemos pesquisar quaisquer assuntos, científicos ou não, ter acesso a resumos de grandes obras literárias, às imagens de grandes obras artísticas, a discursos, a fatos ocorridos em qualquer parte do mundo, seja no passado ou no presente em tempo real.
     Olhando por esse prisma, tudo parece magnífico, grandioso, excepcional... mas será que só existe esse lado?
     A tecnologia traz também o reverso da medalha, ou seja, o lado obscuro, maléfico, a dualidade inerente a tudo que se refere ao ser humano, como o bem e o mau, o claro e o escuro, o dia e a noite.
     Por questões dos sistemas políticos empregados pelas nações detentoras do poder e da soberania tecnológica e financeira, essa disponibilidade que a tecnologia e seus avanços proporcionaram à humanidade, tem um preço e este não é nem um pouco barato.
     Os mesmos capacitados pelas descobertas de programas cada vez mais evoluídos e velozes, também produzem seus “vírus” e os “antivírus” que devem ser consumidos, pois caso contrário podemos perder o acesso a todo esse “portal” para o mundo.
     Os equipamentos cada vez menores e mais eficazes fazem com que o nosso consumismo seja cada vez mais exacerbado, e aí onde fica o nosso orgulho e a nossa vaidade em não possuir esses equipamentos diante dessa nossa sociedade cada vez mais supérflua?
     Através da tecnologia se aprende a produzir bombas, se faz uma rede de pedofilia, é possível associar-se a uma rede de tráficos diversos, podemos aprofundar o nosso conhecimento tecnológico e entrar em contas bancárias alheias e roubar, podemos fuçar a vida de alguém e escolhê-la como vítima de um seqüestro, é possível exercer o voyeurismo sem que ninguém incomode ou perceba.
     Somos bombardeados diuturnamente com mensagens, em sua maior parte, inúteis ou inverídicas. Sem contar com as eternas “correntes” milagreiras e amaldiçoadoras.
    E é comum encontrarmos pessoas afirmando que o mundo está cada vez pior, que o ser humano está virando um mostro e que por isso o mundo está perto de acabar. Já pensaram, por exemplo, se na época em que Cristo foi crucificado tivéssemos essa tecnologia para assistirmos ao vivo o Seu sacrifício? O homem seria menos monstro que hoje?
     A verdade é que hoje temos acesso às notícias boas ou más em tempo real e isso une os continentes e nações com todos os prós e contras, mas o ser humano é o mesmo ser humano com suas virtudes e fraquezas, com suas ambições e indiferenças e por isso mesmo é necessário lembrar que a tecnologia criada e permanentemente progressiva foi criada por ele mesmo, e que é chegado o momento que se torna necessária a criação “filtros” emocionais, éticos, morais e racionais para o combate a esse lado paradoxal da tecnologia e sua ação na sociedade.
     A insegurança tomou conta de nossas vidas por conta desse ritmo frenético de informações e exigências que o nosso momento mundial nos impõe. Temos medo da nossa própria sombra, temos medo de dormir e não acordar, temos medo do futuro, sentimo-nos insignificantes diante desse todo já existente, achando que não há mais nada ser criado, exigimos cada vez mais de nós mesmos, trancando nossos filhos em casa em frente a todos os equipamentos tecnológicos pensando em sua segurança e acabamos por torná-los seres sem cor, sem brilho, com depressão ou vazio de afetividades que só se constrói com a sociabilidade.
    Estamos criando com isso seres humanos com dificuldade de relacionamentos, com ansiedades inexplicáveis, com sofrimentos psicopatológicos irreversíveis por que na verdade falta o alimento da nossa alma.
    Alimentamos a nossa razão, o nosso cérebro, a nossa competência ou performance, mas deixamos de andar descalços, de subir em árvores, de jogar gude, caçar passarinho, fazer castelos de areia, contar estórias, ler um livro manuseando-o e não lendo seu resumo em algum site da internet.
    É comum percebermos nas rodas de conversas, os temas divulgados pela internet, pela mídia que tanto se utiliza dessa tecnologia de forma perversa, divulgando fatos de forma massificante que ao invés de alertar e educar, acaba sugerindo àqueles que estão sempre à espreita em busca de uma nova idéia para fazer o mal ou burlar as condutas civis e morais que temos por direito. A mídia não está preocupada com valores morais e éticos, ela se preocupa com os valores monetários advindos do ibope que suas manchetes lhes dão de retorno através de seus anunciantes. A mídia é o principal vetor para que essa tecnologia e seus avanços cheguem ao seu destino final que é consumidor, que se tivesse o “filtro” mental, intelectual e educacional, não traria tantos danos, mas... vivemos num país onde a educação é remetida para isso mesmo, ou seja, para ser hipnotizada e conduzida por quem interessa essa situação de fato.
     Por isso, para finalizar, cito o trecho da versão de Pedro Bial em Filtro Solar: “ Cuidado com os conselhos que comprar,mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
     Conselho é uma forma de nostalgia.
     Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo,repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.”
     Repensar o presente e projetar um futuro melhor seria a melhor solução, principalmente se olharmos para nós mesmos e descobrirmos o quanto colaboramos para esse estado de coisas, nos tornando distantes e insociáveis.