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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Rotina dos Fatos


É verdade que dizem que o mundo não dorme. O universo não dorme. A vida não dorme. Mas nós, pobres mortais, assim como as plantas e alguns animais, dormimos, ou pelo menos, ficamos em estado de vigília.

Amanhece o dia e lá vou eu cuidar dos afazeres que antecedem o meu plantão do mundo em que tudo acontece; que tudo aconteceu e que tudo  está para acontecer. Nesse meio tempo, as coisas continuam a acontecer e se preparam para os novos acontecimentos.
A caminho do meio jornalístico vou com o rádio ligado ouvindo o que aconteceu e o que está previsto para acontecer. Troco de estação de rádio, ouço novas notícias, percebo novas versões.

A troca do plantão acontece de maneira mecânica e corriqueira...meio robótica, como se tudo fosse sempre a mesma coisa e da mesma maneira. Mas como pode, se o mundo não para e o universo não dorme? A planta que ontem tinha meio centímetro, hoje tem um centímetro e meio. Então as coisas mudam!

Enfim, ligo o meu computador, busco as notícias importantes, observo o que seria interessante que as pessoas soubessem, e de repente....lá está ela! Aquela notícia que alguém já descobriu, já informou, muitas pessoas já sabem, mas o nosso grupo não fez parte ainda desta confraria. Olho para trás e canto a notícia. As pessoas permanecem com seus olhos tesos na tela do computador como hipnotizados. Arrasto a cadeira, toco no braço do chefe e digo: Houve vazamento de ácido sulfúrico no Porto de Aratu! Ele me olha e diz: - Normal...sempre acontece.

Volto minha cadeira para o lugar e resolvo por conta própria investigar. Telefono para as fontes, descubro outras fontes, e acabo falando com o responsável por responder essas questões da empresa causadora do acidente. Percebo sua voz vacilante, e finalmente me pede para não divulgar o seu telefone. Olho para o colega ao lado, que é da TV, e comento o caso. Ele, com olhos brilhantes, me pede as informações e berra no meio da editoria.

Meu chefe, como que acordado de algum transe, pede para divulgar imediatamente em um boletim especial. Volto para minha tela e continuo fazendo o serviço rotineiro, até que chega o término do meu plantão. Saio, me despeço do grupo que fica, e percebo o grupo que chega...para um plantão de caça ao que aconteceu, e ao que está prestes a acontecer.

O dia passou. Mas o mundo não dorme. O universo não dorme. A vida não dorme.

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