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domingo, 30 de novembro de 2008

FIM DE ESPETÁCULO

Sinto como se todas as luzes apagassem,
Todo o espetáculo perdido,
Todo o cenário acabado.
Restaram apenas,
O palco,
Todos os ensaios
E a música que ao fundo
Bate latente e metálico.
Parece que ficou tudo distante...
Sem enredo,
Sem tema,
Sem nada...apenas o narrador.
Que narra a dor que desata
Uma correnteza de sonhos,
Palavras soltas,
Desejos perdidos,
Sorrisos distantes...
Foi quase uma felicidade!
Mas, no fundo eu sabia,
Não podia ser verdade,
Afinal seria a mais perfeita das imperfeições...
Não pôde existir...
Pelo menos desta vez.
Como posso ter prá mim, algo que é de todos,
Ou de qualquer um? Não. Eu não posso...
Achei muito perfeito,
Muito delicado,
Muito único para ser tomado,
Para ser sugado,
Para ser só meu.
Mas eis que percebo,
E que até vejo
Mãos, bocas, corpos...
Arrebatarem de qualquer forma,
Tomando de qualquer maneira
Aquilo que eu mais queria...
Fiquei apenas a assistir
Impassível,
Petrificada...
Sentindo cada pedaço meu caindo,
um após outro...
E mesmo assim sorri...
Sorri porque os meus pedaços,
Eu sei montá-los de volta!
E, quando vieres de volta,
Com pedaços a montar,
Não saberei montá-los,
Não desejarei colá-los,
Não existirás para mim...

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