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terça-feira, 8 de novembro de 2011

DEVANEIOS MIDIÁTICOS







IDEOLOGIA e PROPAGANDA


Segundo Fiorin (9:29):
          Ideologia (...)é uma visão de mundo e há tantas visões de mundo numa dada formação social quantas forem as classes sociais (sendo que) cada uma das visões de mundo apresentam-se num discurso próprio.    Embora haja, numa formação social, tantas visões de mundo quantas forem as classes sociais, a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante.
          Para o filósofo francês Destutt de Tracy, a ideologia é uma atividade filosófico-científica que estuda a formação das idéias a partir das observações do homem no seu meio ambiente.
         Para o sociólogo francês Durkheim, a ideologia é negativa por que nasce de uma noção pré-científica e, por isso mesmo, imprópria para o estudo objetivo da realidade social.
        Para o pensador e filósofo alemão, Karl Marx, a produção das idéias não pode ser analisada separadamente das condições sociais e históricas nas quais elas surgem. Ao se referir à ideologia burguesa, Marx entende que as idéias e representações sociais predominantes numa sociedade capitalista são produtos da dominação de uma classe social (a burguesia) sobre a classe social dominada (o proletariado). Na perspectiva marxista, a ideologia é um conceito que denota "falsa consciência": uma crença mistificante que é socialmente determinada e que se presta a estabilizar a ordem social vigente em benefício das classes dominantes.
        Segundo Renato Cancian, cientista social, mestre em sociologia-política e doutorando em ciências sociais, autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985", a utilização do termo “ideologia”, tem como objetivo somente descrever o conjunto de idéias, valores ou crenças que orientam a percepção e o comportamento dos indivíduos sobre diversos assuntos ou aspectos sociais, como, por exemplo, as opiniões e as preferências que os indivíduos têm sobre o sistema político vigente, a ordem pública, o governo, as leis, as condições econômicas e sociais, entre outros.
        Não é possível falar de ideologia na propaganda sem que falemos sobre a Análise de Discurso. A Análise do Discurso, de linha francesa, vem a ser uma prática em campo da lingüística e da comunicação especializado em analisar construções ideológicas, presentes em um texto. É muito utilizada para analisar textos da mídia e as ideologias que trazem em si.
        Para Orlandi (2004), no Brasil a AD foi estabelecida por três rupturas que estabelecem três campos do saber: a Linguística, a Psicanálise e o Marxismo porque se constituem da relação com a sintaxe, o enunciado e a ideologia.
       Para Pêcheux, a linguagem não pode ser entendida como um sistema significativo desunido, sem relação com o exterior, devendo ser compreendida a partir do contexto histórico-ideológico dos sujeitos que a produzem e que a interpretam.
       É necessário que também se fale sobre a persuasão, que é um procedimento que resulta de exercícios da linguagem, cujo objetivo é formar atitudes, comportamentos, idéias. Desse modo, desde que garantido o princípio democrático da circulação social do discurso, persuadir passa a ser uma instância legítima de convencimento, de afirmação de valores e de construção de consensos, segundo Citelli (2007, p. 01).
      Nesse sentido, é que persuadir também é uma estratégia de poder através da linguagem e uma maneira de garantir determinada ideologia.
      Considerando-se que ideologia segundo Chauí (2004), é um conjunto sistemático, lógico e coerente de valores, idéias, normas ou regras que "guiam" os membros da sociedade sobre o que devem pensar e fazer, que as propagandas se utilizam desses meios.
     Não se pode negar que a publicidade causa uma forte influência na formação cultural da própria sociedade. O difícil é analisar até que ponto essa influência é negativa ou positiva. Afinal, não podemos afirmar que a persuasão da propaganda é totalmente prejudicial ao indivíduo, já que muitos dos produtos utilizados promovem mudanças na vida das pessoas.
      Não podemos esquecer-nos de abordar a Visão de Mundo dos indivíduos, pois é através desta que as propagandas criam as estratégias para a composição das propagandas. Cada grupo na sociedade, pelas experiências, pelo “modus vivendi”, possui uma visão de mundo. Visão de Mundo é a perspectiva com a qual um indivíduo, uma comunidade ou uma sociedade enxergam o mundo e seus problemas em um dado momento da história, reunindo em si uma série de valores culturais e o conhecimento acumulado daquele período histórico em questão.
       Se formos aprofundar etimologicamente a palavra “propaganda”, perceberemos que ela deriva da palavra “propagar” que primeiramente foi utilizada no contexto político referindo-se geralmente aos esforços de persuasão patrocinados por governos e partidos políticos.
      É de fundamental importância falarmos, ainda que brevemente, sobre a Semiótica, ou seja, ciência geral dos signos na natureza e na cultura. A Semiótica tem como base uma relação triádica entre signo, objeto e interpretante. Um signo é, portanto um elemento de mediação entre um objeto e uma mente. Por ser uma ciência formal dos signos, naturalmente a Semiótica tem estreito vínculo com inúmeras áreas de estudo como a filosofia, a lógica, a matemática, a teoria de sistemas, a cibernética, a lingüística, a hermenêutica, a psicologia, a antropologia, a arte, etc. E por esta razão que o estudioso de qualquer área pode se valer dos estudos semióticos para entender melhor aquilo que faz, para realizar investigações com uma consciência muito mais profunda dos elementos envolvidos. A Semiótica não é um método, mas contribui de maneira fundamental para a criação de métodos de análises e a aplicação de uma dada teoria a um campo de investigação.
       As técnicas de propaganda foram cientificamente organizadas e aplicadas primeiramente pelo jornalista Walter Lippman e pelo psicólogo Edward Bernays, sobrinho de Sigmund Freud. Durante a Primeira Guerra Mundial, Lippman e Bernays foram contratados pelo presidente dos Estados Unidos para influenciar a opinião pública para entrar na guerra ao lado da Inglaterra. Bernays cunhou os termos "mente coletiva" e "consenso fabricado", conceitos importantes na prática da propaganda.
     Métodos usuais para transmitir mensagens de propaganda incluem noticiários, comunicações oficiais, revistas, comerciais, livros, folhetos, filmes de propaganda, rádio, televisão e pôsteres, que relacionem o produto/serviço oferecido quanto as suas características e benefícios. No caso da divulgação de uma idéia ou conceito o meio utilizado deve corresponder ao público-alvo da campanha e acompanhado da linha de pensamento do seu criador, a fim de instigar no público o interesse e a aderência à idéia/conceito. Com o advento da internet comercial (deste fins de 1995 no Brasil), um novo espaço ganhou forma nas mídias on-line. Inicialmente na forma de banners, depois com sites, hot-sites e recentemente com diversos recursos de mídias sociais, novos métodos tem obtido grande sucesso na transmissão de mensagens publicitárias.

         O melhor de todo esse debate e discussões é conseguir discernir as informações e os propósitos de tudo que nos alcança em termos de informações que visam sempre mudar o nosso ponto de vista, ou nos incutir algum que ainda não tenhamos.

Todo cuidado é pouco......somos sempre o alvo!!!

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